Sunday, November 08, 2009

O menino Selvagem



Pois viver deveria ser - até o último pensamento e derradeiro olhar - transformar-se.
Lya Luft

Na Interdisciplina de Libras realizamos uma atividade sobre os registros de Itard com relação as suas tentativas de educar um menino selvagem chamado Victor. Os trabalhos realizados foram registrados em dois relatórios:
O primeiro, Da educação de um homem selvagem ou dos primeiros desenvolvimentos físicos e morais do jovem Selvagem do Aveyron, é dirigido a Societé des Observateurs de l’Homme, em outubro de 1801, após 9 meses de trabalho. Nele Itard descreve a captura e o estado em que se encontrava o menino e “defende a idéia de que, sendo a causa de seu mutismo e hábitos estranhos o isolamento em que vivera desde a mais tenra infância, seria passível de reeducação, desde que submetido a métodos adequados” (BANKS -LEITE E GALVÃO, p.17, 2000). Apresenta também neste relatório os cinco objetivos que pautaram seu programa de ensino, descrevendo as ações e as respostas do menino a cada uma das metas.
O segundo relatório, Relatório feito a Sua Excelência o ministro do interior sobre os novos desenvolvimentos e o estado atual do Selvagem de Aveyron, é apresentado por solicitação do Ministro do interior em setembro de 1806. Nele Itard relata com honestidade os êxitos e fracassos do menino, atribuindo os poucos progressos mais aos seus desacertos como professor do que a falta de capacidade de Victor em aprender, transmite algumas esperanças, apesar do tom de desânimo por seu fracasso. Assim convence o governo a manter o financiamento ao seu estudo.
Estes relatórios serviram para divulgação da experiência e passam a ser apreciados e discutidos pela comunidade científica, especialmente nas áreas da educação especial, psiquiatria, psicanálise e educação de surdos. A partir destes registros François Truffaut dirigi um filme que faz grande sucesso e desperta o interesse do meio acadêmico (L’enfant sauvage, 1969).
Apesar das inúmeras tentativas de Itard, as interações sociais e as manifestações típicas da infância aparentemente não foram consideradas significativamente, pois o isolamento do menino no Instituto Nacional de Surdos-Mudos e a convivência somente com pessoas adultas talvez possam ter contribuído para o fracasso de sua experiência.

3 comments:

Simone said...

Olá Rosária!
Que linda essa imagem!
Troxeste algumas idéias sobre o filme. Mas o que mais te chamou a atenção? Que reflexões fizeste depois de assisti-lo?
Já estamos no mês de novembro e nos aproximando do final do semestre. Continua fazendo pelo menos uma postagem significativa por semana aqui no teu blog, procurando integrar a teoria, reflexões e a tua prática.
Um abraço, Simone - Tutora sede

MARION said...

Oi amiga!

Amei essa baterfly.
Lind o teu Blog com reflexões que demonstram teu amor pelo que fazes.
Bjus

Rosária said...

Oi Simone! Muito Obrigada! A intenção com esta imagem é trazer um exemplo da beleza da transformação- a metamorfose da borboleta - das competências e habilidades que podemos desenvolver em nossos alunos (as)! Que bom que vocês gostaram da imagem... Em relação as tuas questões em minha opinião Itard não considerou enquanto educador as vontades e necessidades de Victor, mesmo assim seus relatos, datados de mais de duzentos anos continuam importantes e provocadores, possibilitando estudos em diferentes áreas, em relação às posições epistemológicas inatistas e empiristas, linguagem e concepções de sujeito, questões educacionais e como uma importante referência na educação especial.
Um abraço! Rosária Moraes