Sunday, November 22, 2009

Reflexão- Síntese!


Mais um semestre está terminando e no turbilhão de atividades, escritas, pesquisas, arquiteturas pedagógicas, escola, família, filhos, amigos... Estamos nós enlouquecidas (os) realizando uma (re) leitura de nossa caminhada no PEAD! A novidade é que vamos analisar o BLOG de um colega de outro Pólo! E esta interação é importante para perceber como os colegas de outos municípios estão pensando e retratando suas aprendizagens... Escolhi o Pólo de Gravataí e lá visitei o BLOG do Paulo Medeiros, um professor apaixonado pela Educação e autor de um BLOG fascinante! Faço um convite aos colegas para visitarem este espaço de escrita criativa e ousada!

Sunday, November 08, 2009

O menino Selvagem



Pois viver deveria ser - até o último pensamento e derradeiro olhar - transformar-se.
Lya Luft

Na Interdisciplina de Libras realizamos uma atividade sobre os registros de Itard com relação as suas tentativas de educar um menino selvagem chamado Victor. Os trabalhos realizados foram registrados em dois relatórios:
O primeiro, Da educação de um homem selvagem ou dos primeiros desenvolvimentos físicos e morais do jovem Selvagem do Aveyron, é dirigido a Societé des Observateurs de l’Homme, em outubro de 1801, após 9 meses de trabalho. Nele Itard descreve a captura e o estado em que se encontrava o menino e “defende a idéia de que, sendo a causa de seu mutismo e hábitos estranhos o isolamento em que vivera desde a mais tenra infância, seria passível de reeducação, desde que submetido a métodos adequados” (BANKS -LEITE E GALVÃO, p.17, 2000). Apresenta também neste relatório os cinco objetivos que pautaram seu programa de ensino, descrevendo as ações e as respostas do menino a cada uma das metas.
O segundo relatório, Relatório feito a Sua Excelência o ministro do interior sobre os novos desenvolvimentos e o estado atual do Selvagem de Aveyron, é apresentado por solicitação do Ministro do interior em setembro de 1806. Nele Itard relata com honestidade os êxitos e fracassos do menino, atribuindo os poucos progressos mais aos seus desacertos como professor do que a falta de capacidade de Victor em aprender, transmite algumas esperanças, apesar do tom de desânimo por seu fracasso. Assim convence o governo a manter o financiamento ao seu estudo.
Estes relatórios serviram para divulgação da experiência e passam a ser apreciados e discutidos pela comunidade científica, especialmente nas áreas da educação especial, psiquiatria, psicanálise e educação de surdos. A partir destes registros François Truffaut dirigi um filme que faz grande sucesso e desperta o interesse do meio acadêmico (L’enfant sauvage, 1969).
Apesar das inúmeras tentativas de Itard, as interações sociais e as manifestações típicas da infância aparentemente não foram consideradas significativamente, pois o isolamento do menino no Instituto Nacional de Surdos-Mudos e a convivência somente com pessoas adultas talvez possam ter contribuído para o fracasso de sua experiência.

Modelos de Letramento e as práticas de alfabetização na escola

Kleiman (2006) destaca que a prática realizada nas escolas é de um modelo de letramento autônomo, onde o processo de aquisição da escrita é “neutro”. Esta neutralidade consiste em não utilizar o contexto social e a vivências dos alunos e alunas para proporcionar uma aprendizagem significativa e que dialogue com as concepções que estas crianças ou adultos já trazem de seus ambientes sociais. Como exemplo deste distanciamento entre saberes da vivência social e saberes do sistema escolar, a autora utiliza os estudos de Carraher, Carraher & Schliemann (1988), que investigaram crianças com grandes habilidades para resolverem problemas matemáticos no seu cotidiano e que enfrentavam dificuldades de aprendizagem na escola.
A proposta de alfabetização e pós alfabetização pelo método GEEMPA foi uma opção da nossa escola entre os métodos disponibilizados pela Secretaria Estadual do RS. A escolha deste método até o momento demonstra ter sido adequada, pois o mesmo contribui para alfabetização voltada para interação alunos (as) e objeto de estudo. Com propostas que evidenciam a preocupação com questões como: autonomia, criatividade e interação. A turma é subdividida em grupos que através da cooperação e colaboração entre seus participantes constrói sua aprendizagem. É interessante observar estas crianças trabalhando, pois ao contrário das demais turmas em que as professoras utilizam o método tradicional, elas e eles realizam as atividades de forma organizada e autônoma. Desta forma as crianças podem contribuir com suas experiências de vida e enriquecer as atividades de sala de aula.


Referências
Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola (KLEIMAN, 2006).

Sunday, November 01, 2009

Temas Geradores

"Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se"
(FIORI. In: FREIRE, 1991, p. 10).

A utilização de temas geradores[1] na prática pedagógica se faz necessário pelo simples fato de proporcionar ao educador uma inserção no universo cultural do educando. Através de uma pesquisa prévia[2] neste universo são extraídas palavras que permitem iniciar um planejamento voltado aos interesses do educando. Estas palavras chamadas de “geradoras” são responsáveis pela formação de outras que fazem parte deste “universo vocabular do alfabetizando”. Esta “leitura de mundo” permite uma reconstrução onde os educandos re-criam criticamente seu mundo. Neste processo não há um professor, mas um mediador que estabelece uma relação dialógica entre educando e seu universo temático (conteúdo). “Através de sua permanente ação transformadora da realidade objetiva, os homens, simultaneamente, criam a história e se fazem seres histórico-sociais” (FREIRE, 1991, p.92). O conhecimento é dialógico (não é só histórico, epistemológico e lógico). A dialética é revolucionária e questionadora. A contradição se dá quando existe diálogo. Sua teoria é a teoria do diálogo e do respeito ao outro.
[1] “Estes temas se chamam geradores porque, qualquer que seja a natureza de sua compreensão, como a ação por eles provocada, contêm em si a possibilidade de desdobrar-se em outros tantos temas que, por sua vez, provocam novas tarefas que devem ser cumpridas” (FREIRE, 1991, p. 93).
[2] Esta investigação consiste em conhecer a realidade e como este homem atua sobre esta realidade, é investigar a sua práxis (FREIRE, 1991).
Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 19ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.

Sunday, October 25, 2009

PROJETO MULTIFEIRA



Dando continuidade às reflexões sobre a Interdisciplina de Didática e as ações realizadas na minha escola para propiciar um ambiente profícuo de aprendizagem, trago como exemplo, o Projeto MULTIFEIRA. Este projeto faz parte do nosso Calendário Escolar e possibilita um trabalho conjunto entre as diferentes áreas do conhecimento, professores (as) e alunos (as). O ideal seria que no cotidiano da escola esta prática permeasse todo planejamento. Porém, citando meu exemplo, ainda precisamos avançar para construir este ambiente referido por Dewey: “A escola precisa propiciar um ambiente de aprendizagem para que a criança possa resolver problemas reais de sua vida, através de práticas educativas conjuntas onde ocorram situações de cooperação”. A foto publicada é do projeto das séries iniciais do Ensino Fundamental sobre o lixo e as possibilidades de utilização de materiais recicláveis em brinquedos e objetos de decoração. A idéia surgiu após uma saída de campo da professora da 3ª série e 3º ano que fotografou e coletou inúmeros materiais jogados na rua. A partir desta constatação promoveu momentos de pesquisa e oficinas com as crianças e o resultado foi apresentado na MULTIFEIRA.

Saturday, October 17, 2009

Comparando... o novo e o velho?


É interessante comparar a nossa realidade com o referencial teórico proposto neste semestre pela Interdisciplina DIDÁTICA, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO. Observa-se que apesar de inúmeras discussões e propostas na educação ao longo destes anos poucas mudanças foram percebidas na prática decente. Esta questão de como ensinar? O que ensinar? Motivar? Avaliar nossos alunos (as) são problemas muito atuais e que precisam ser discutidos no âmbito das escolas públicas, e aqui me refiro a escola pública estadual. Então com a intenção de contribuir com esta discussão faço um recorte das leituras do enfoque temático sobre o movimento da Escola Nova. John Dewey (1859-1952) inspirou no Brasil o movimento da Escola Nova, por defender como principais ingredientes da educação, a atividade prática e a democracia. A escola precisa propiciar um ambiente de aprendizagem para que a criança possa resolver problemas reais de sua vida, através de práticas educativas conjuntas onde ocorram situações de cooperação. “A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas idéias. Reflexão e ação devem estar ligadas, são parte de um todo indivisível” (p. 26).
Algumas idéias de Ovide Decroly (1871-1932) são semelhantes à de John Dewey, quanto à universalização do ensino, trabalhos em grupo com ênfase em assuntos de interesse nos alunos e os métodos ativos. Para Decroly o aluno possui a possibilidade de conduzir seu próprio aprendizado podendo assim “aprender a aprender” (p. 34). A professora Marisa del Cioppo Elias, da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo explica que o conceito de centros de interesse descritos por Decroly, nada mais é do que o conceito atual de Interdisciplinaridade. “Os métodos e as atividades propostos pelo educador têm por objetivo, fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no processo educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela observação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com que a criança externe e compartilhe o que aprendeu” (p.35).

Monday, October 12, 2009

ESCOLA É


Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar... (FREIRE, 2003, p.66)


Estamos discutindo o texto de Regina Hara (1992), através do Fórum da Interdisciplina: Educaçâo de Jovens e Adultos no Brasil. A autora propõe uma reflexão com relação a nossa prática docente e os desafios de manter o interesse destes jovens e adultos na escola, sendo estes sujeitos originários da classe popular. São pessoas que não tiveram oportunidade de aprender quando crianças e assim ficaram a margem da sociedade. É complicado falar desta realidade sem estar inserido nela, não sou professora da EJA, mas participo das discussões e reuniões de colegas desta modalidade. Percebe-se assim como na contextualização do texto de Hara (1992) que estes educadores (as) enfrentam muitos desafios e dificuldades para exercer a sua docência. Na nossa escola, temos neste ano uma EJA formada por muitos alunos (as) que foram transferidos do Ensino Regular e que enfrentam problemas de autoestima e autoimagem, consideram-se fracassados, pois em sua maioria possuem um histórico de duas ou três reprovações por série. Então o desafio este ano é MOTIVAR... “Dificuldades em ensinar, em lidar com a motivação, em conseguir ganhos de consciência são permanentes nos depoimentos daqueles que buscaram o trabalho com adultos das camadas populares” (HARA, 1992, p. 1). A evasão existe e nos coloca a prova todos os dias, a cada desistência... Citando o professor Helvécio (01/10/2009): “Motivar nossos educandos implica em primeiro nos motivarmos a nós mesmos. Esta é a nossa primeira conquista. Para tanto, é necessário que estejamos abertos ao novo e ao diferente. (...) O desafio está dado, resta-nos a nós (educadores) enfrentarmos e transformá-lo em elemento de nossa prática pedagógica, que antes de tudo é prática social. A melhor forma de alfabetizar, para mim, é levar em conta aquilo que o educando sabe, ressignificar esse saber, organizá-lo e devolvê-lo organizadamente a ele para que ele de posse da cultura letrada lute pelo espaço político e social ao qual ou aos quais ele (educando/cidadão) tem direito e, muitas vezes ou quase sempre, não sabe porque lhe falta a informação”.

Thursday, October 01, 2009

Lições do Rio Grande

Ontem, dia 30/09, participei de um encontro de diretores da 28ª CRE (Coordenadoria de Educação), neste encontro recebemos os cadernos “Lições do Rio Grande”, que possuem a proposta de Referencial Curricular para as escolas estaduais. Este material será entregue para todos os professores dos anos finais do Ensino Fundamental e Médio, reúne as habilidades e competências cognitivas e os conteúdos mínimos que devem ser desenvolvidos em cada série. Os Referenciais Curriculares, separados em cinco volumes de acordo com quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, devem ser utilizados para auxiliar as equipes pedagógicas das instituições na organização dos currículos escolares e na elaboração dos planos de estudos para o próximo ano. Além dos cadernos de referência, os professores também contarão com cadernos de atividades para todos os alunos contendo estratégias de intervenção pedagógica que favoreçam a construção da aprendizagem. A proposta é interessante e parte do principio de que precisamos partir das experiências dos alunos (as) e proporcionar um ambiente de desafio e mudança. Durante a reunião colegas questionaram sobre a distribuição deste material para EJA, a resposta foi que pode ser aplicado, mas é preciso analisar a distribuição dos cadernos aos estudantes. Apesar da nossa saturação quanto às propostas do governo este material apresenta muitas das nossas antigas reivindicações. E, portanto precisamos analisá-lo...

Tuesday, September 29, 2009

Vivências e Aprendizagens

Esta foto representa alguns sentimentos experimentados nestes últimos dias...
Neste local, na beira da praia de Belém Novo já existiu um restaurante que hoje está em ruínas e faz parte da paisagem natural do local. Assim como esta construção nossa vida é feita de idas e vindas, de um constante criar e recriar, fazer e refazer ou desfazer...
Tenho estado ausente de alguns ambientes do curso, em especial este, onde registramos nossas vivências e aprendizagens durante cada semestre. Mas a dor da perda de uma pessoa importante na minha vida provocou um repensar, uma metamorfose silenciosa...

Tuesday, September 08, 2009

Educadores... seres imprescindíveis!

“O que é ser professor hoje? Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo, conviver; é ter consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores, assim como não se pode pensar num futuro sem poetas e filósofos. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constróem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis” (GADOTTI, 2000).

Assim como os educadores que fizeram parte da minha trajetória escolar acredito que é necessário cultivar em nossas crianças e jovens: a autonomia, a dignidade e a ética. Valorizar a VIDA! Ser um sujeito curioso, perseverante, otimista, verdadeiro e íntegro. Proporcionar espaços de construção do conhecimento, participação e ação. Ser um sujeito ativo e comprometido com o futuro do Planeta.
Referências

GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 2000.



Monday, June 15, 2009

Aldeia Tekõa Jataíty

À sua maneira, as culturas indígenas expressam os grandes valores universais. Nas solenidades das festas, no refinamento dos vestidos e na pintura corporal, na educação dos filhos, na concepção sagrada do cosmos, elas manifestam a consciência moral, estética, religiosa e social. A diversidade de visões do mundo, do homem e dos modos de organização da vida, os conhecimentos e os valores transmitidos de pais para filhos, a tradição oral e a experiência empírica são a base e a força dos conhecimentos e dos valores. A territorialidade atua como um estado de espírito e os ritos e os mitos, como referência da identidade e da consciência humana e da natureza (Gersen dos Santos Luciano, 2006).

Para realizar a atividade da Interdisciplina: Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História foram utilizados dados coletados, em 2002, na Aldeia Tekõa Jataíty, no Canta Galo, Viamão/RS. Outro fator para o interesse por informações sobre a sociedade dos Mbyá Guarani é a falta de material escrito sobre este grupo, pois durante a pesquisa de campo realizada para coleta de dados percebi que o setor público, como a Casa de Cultura Municipal de Viamão, não dispõe de material para pesquisa. O preconceito implícito no modo como as pessoas falam dos Mbyás-Guarani e dos índios em geral, chamando-os de preguiçosos, traiçoeiros e invasores, demonstra claramente a falta de informação sobre a importância histórica da cultura[1] deste povo. Cultura rica e com inúmeras contribuições quanto a sua organização social e política dentro das aldeias, que certamente se opõem a nossa cultura excludente.
CRIANÇAS E JOVENS MBYÁS
A infância dos Mbyás é marcada por momentos significativos, até os dois anos, a criança vive uma fase muito especial, a família lhe dá todo o cuidado. A comunidade observa a suas atitudes. Tenta, então, interpretar quais os potenciais e os dons que ela tem. Para os Mbyás, a criança já nasce com potenciais do que terá no futuro. Os pais nunca obrigam a ser alguém que não é. Na Aldeia Tekoã Jataíty do Canta Galo, somente aos oito anos de idade a criança recebe a autorização para aprender a língua portuguesa, sendo que até essa idade eles apenas falam em tupi guarani. Assim a cultura guarani é preservada e transmitida entre as gerações, pois até os oito anos as crianças são educadas pelos pais-principalmente pela mulher que exerce um papel fundamental na educação dentro da família, cabendo a eles a transmissão cultural e a preservação da tradição dos antepassados. Por volta dos quinze anos, os jovens e as jovens Mbyás já são considerados aptos para decidirem o caminho que querem seguir. Contudo, eles sempre são lembrados de que precisam observar a educação dada pelos pais e pela comunidade e de que precisam agir dentro dos limites de sua cultura. Só assim serão considerados sábios e serão respeitados.
Referências

LUCIANO, Gersen dos Santos. Os índios no Brasil quem são e quantos são. Texto extraído do Livro O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília, 2006.
Site: http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br/
MORAES, Rosária Lanziotti. Mbyá-Guarani: uma releitura acerca de sua cultura. PUCRS, 2002.


[1] O reconhecimento da cidadania indígena brasileira e, conseqüentemente, a valorização das culturas indígenas possibilitaram uma nova consciência étnica dos povos indígenas do Brasil. Ser índio transformou-se em sinônimo de orgulho identitário. Ser índio passou de uma generalidade social para uma expressão sociocultural importante do país. Ser índio não está mais associado a um estágio de vida, mas à qualidade, à riqueza e à espiritualidade de vida. Ser tratado como sujeito de direito na sociedade é um marco na história indígena brasileira, propulsor de muitas conquistas políticas, culturais, econômicas e sociais (Gersen dos Santos Luciano, 2006).

Sunday, June 07, 2009

Indisciplina x Violência no ambiente escolar


O texto sugerido para a atividade da Interdisciplina Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II, de Jaqueline Picetti, Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? - permite uma análise de atitudes de violência observadas na escola através da teoria de Piaget. A autora propõe que o educador frente a uma situação de conflito ou violência entre as crianças faça uma reflexão sobre o processo de desenvolvimento destes alunos, para evitar punições que sirvam apenas para exclusão de determinado grupo. “Seria importante a escola inserir em seu contexto o respeito pelo processo de desenvolvimento moral, não tachando mais certos comportamentos como violentos, mas como características de uma determinada fase da construção da autonomia da criança, pois, para que o sentimento de justiça se desenvolva, são necessários o respeito mútuo e a solidariedade entre as crianças e os adultos” (PICETTI). Em 2003, realizei um estudo sobre a importância da parceria entre família e escola, e a indisciplina na sala de aula foi uma das principais características apontada pelos professores e professoras entrevistados em relação à turma que escolhi para observar e entrevistar. Conforme De La Taille (1996), a indisciplina é um assunto extremamente delicado e até perigoso, devido à amplitude do tema e às tentativas, às vezes falhas, de explicá-lo. Para melhor compreender esta indisciplina é preciso um olhar mais amplo, pois segundo o autor... “está em jogo o lugar que a escola ocupa na sociedade, o lugar que a criança e o jovem ocupam, o lugar que a moral ocupa” (p. 22), sendo ingênuo pensar que “a falha” ou “as falhas” estariam apenas na escola ou linha pedagógica adotada pelo professor ou professora em sala de aula. De La Taille (1996, p.23) propõe, ao final do texto, “A indisciplina e o sentimento de vergonha”, que a escola precisa lembrar com muita ênfase “a seus alunos e à sociedade como um todo, que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania”. Segundo o autor, para ser cidadão, “são necessários sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo espaço público, um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais, e diálogo franco entre olhares éticos”.
Referências
DE LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, Júlio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.

MORAES, Rosária Lanziotti. Família e escola: parceiras ou rivais? 2003. Dissertação (Mestrado em Educação) Faculdade de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.
PICETTI, Jaqueline. Significações de violência na Escola: Equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? Texto publicado no ambiente ROODA - Interdisciplina Desenvolvimento e Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia II, PEAD, UFRGS, 2009.

Tuesday, June 02, 2009

EDUCADOR Educa a dor


No dia da apresentação do nosso PA: Inclusão Digital na Vida Adulta, no Salão EAD, cheguei mais cedo na UFRGS e aproveitei para visitar a Biblioteca da FACED e lá encontrei este maravilhoso Livro: EDUCADOR Educa a dor, escrito por Madalena Freire. Nas primeiras páginas percebe-se que é um livro para ser apreciado em doses homeopáticas... Assim como a apresentação no Salão, sua leitura provoca inúmeras sensações e torna-se a cada instante mais interessante!
Depois de tantas emoções quero agradecer a todas e a todos os colegas que colaboraram na construção destes projetos. Inclusive aqueles que mesmo a distância fizeram sua parte com mensagens de incentivo e CORAGEM!
Quero agradecer ao carinho da colega responsável pela sala em que estávamos a Luciana Boff Turchielo, fiquei emocionada com suas palavras com relação ao Pólo de Alvorada!
Muito Obrigada também às professoras e tutoras da UFRGS e do Pólo de Alvorada, que proporcionaram este momento especial! E a professora Luciane que acreditou em nós e não economizou noites e finais de semana na construção de nossos relatos, aliás, colaboração/cooperação e InterAÇÃO não faltaram!
Como coloca Primo (2003) não é justo tratar os envolvidos nesse processo de mediação como apenas usuários, fazendo da tecnologia a estrela maior. A estrela somos nós, que através de nossas escritas, colaborações e cooperação vamos fazer esse processo funcionar.

Friday, May 22, 2009

Campanha do Bugio

Moro na zona rural do Município de Viamão e convivemos com os bugios no pátio das nossas casas. São animais dóceis e inofensivos e não são responsáveis pela Febre amarela. Ao contrário, estão morrendo... Por amor não sacrifiquem nenhum animal!!! Colegas divulguem com seus alunos e alunas precisamos informar nossas comunidades.

Friday, May 15, 2009

Projeto de Aprendizagem Coletivo


Iniciamos neste VI semestre do Curso de Pedagogia à distância (PEAD) da UFRGS a elaboração de um Projeto de Aprendizagem Coletivo, esta atividade faz parte da avaliação da Interdisciplina Seminário Integrador VI. Nesta etapa do projeto estamos elaborando as certezas e dúvidas e definindo nossa questão principal. Esta escolha não é um processo fácil, pois somos cinco alunas- professoras com diferentes formações e ambientes de trabalho. É interessante como em alguns momentos a impressão que temos é de que não chegaremos a um consenso. Utilizamos até uma votação para definir o assunto: " O Barulho na Escola"! Realizei algumas pesquisas e encontrei um projeto semelhante de um curso ead.sec.ba.gov. A minha idéia inicial era trabalhar a Síndrome de Burnout que é "definida por alguns autores como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional). O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço". Esta idéia surgiu a partir da minha experiência como gestora, pois temos que lidar com tantas crises emocionais, doenças e problemas pessoais que em alguns momentos penso estar ficando "louca"! Ainda bem que este é um ano de eleições na escola...

Sunday, May 03, 2009

Intensas Emoções

"A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre"
(Aristófanes, séc. IV a.C.).
A indicação do filme “O Clube do Imperador” na Interdisciplina de Filosofia proporcionou intensas sensações. É um filme emocionante, belo e intenso, fez aflorar sentimentos que no cotidiano deixamos de lado. O professor Hundert faz uma excelente avaliação de sua trajetória profissional e através de suas lembranças, as nossas também são despertadas e percebe-se, que apesar da desvalorização que vivemos atualmente, o quanto a figura do educador é importante para a formação do caráter das crianças e jovens. Somos uma referência! Lendo o texto “A Defesa de Sócrates” compreendo um pouco a atitude do professor Hundert, apesar de não concordar, percebo que sua intenção era provocar uma mudança no caráter daquele jovem. As falas deste personagem são de grande importância para nossas vidas, um exemplo, foi sua conversa com seu ex-aluno após a revanche da prova de “Júlio César”, onde ele afirma que o homem precisa construir sua vida com caráter e princípios.

Wednesday, April 29, 2009

Palestra sobre Cultura Afro


Estou publicando uma foto da Professora Marilene Paré, na E.E.E.M. Dr. Genésio Pires, em Itapuã, no dia 28 de abril, realizando uma excelente palestra com os professores e professoras sobre a Cultura Afro. Além de sensibilizar o grupo em relação à necessidade de trabalhar a Auto-Imagem e Auto-estima da Criança Negra. Acredito que, assim como eu, os colegas perceberam a importância do nosso papel neste processo de resgate da história destas crianças e que precisamos proporcionar momentos de reflexão e diálogo na sala de aula. Através das atividades propostas relatamos nossas lembranças da infância, nossa convivência em família e na sociedade. Foi um momento prazeroso de descontração e aprendizagem. Agradeço sua disponibilidade em participar desta formação e o carinho dedicado a todos! ASÉ!

Saturday, April 25, 2009

Apresentando Sócrates


“Eu sou o oceano
atlético e atlântico
pacífico e romântico (...)
Sou índico infinito
Indicado pro amor.
Eu sei, eu sal, eu sou”.
(Gabriel O Pensador, em Peixe-Aquário, do livro Diário Noturno)

Hoje lendo este poema de Gabriel O Pensador lembrei do texto da professora Elaine Conte da Interdisciplina Filosofia: Apresentando Sócrates. É interessante perceber que os seres humanos têm a tendência de criticar aqueles que porventura não se encaixam nos modelos pré-determinados por nossa cultura. Jesus Cristo foi crucificado, Sócrates foi condenado à morte, Gabriel O Pensador é muitas vezes criticado... O que estas pessoas têm em comum? Simplesmente questionam e colocam em xeque ideologias da sociedade de sua época. Com a condenação de Sócrates: “Os atenienses quiseram dar uma lição à filosofia, tentando fugir do incômodo causado por ela” (CONTE, 2009). Sócrates provocou um incômodo com a utilização do método dialógico que simplesmente era uma forma de organizar o pensamento das pessoas: “Nas suas conversas na praça do mercado de Atenas, ele não queria ensinar, mas aprender com as pessoas” (CONTE, 2009).

Saturday, April 18, 2009

PROJETO DE ARTES

Este projeto foi desenvolvido a partir da proposta do Projeto Dia Mundial da Água, na E.E.E.M. Dr. Genésio Pires, em Itapuã - Viamão. Os alunos e alunas pintaram os muros da escola criando painéis coloridos que remetem a questões ligadas a natureza e meio ambiente. Sou suspeita para para comentar a atividade, mas ficaram lindos!!! O professor Juarez Silva é o responsável pelos trabalhos e pela disciplina de artes na escola. Esta postagem está diretamente relacionada a atividade da Interdisciplina Questões Etnico- Raciais, pois envolve a elaboração de um mosaico a partir de uma questão norteadora... Quem sabe podemos lançar uma continuidade desta pesquisa das etnias para todas as turmas da escola?

Saturday, April 11, 2009

O EU e o OUTRO, DIFERENÇAS, ANCESTRALIDADE

Esta foto mostra meus avós paternos e seus filhos . A maioria da família diz que sou parecida com eles (cor da pele, cabelo e olhos). A família veio de São Gabriel.
Meu avô nasceu no Uruguai, foi Militar e morreu antes que eu nascesse.
Através da atividade O Eu e o Outro... da Interdisciplina Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História experimentei intensas emoções... A pesquisa envolveu meus pais, pois a partir da elaboração desta atividade comecei a conversar sobre a origem da nossa família e relembrar histórias de nossos queridos antepassados. Minha mãe ficou emocionada revendo as fotos e a atividade da Linha do tempo, realizada na Interdisciplina Representação do Mundo pelos Estudos Sociais coordenada em nosso Pólo pela Professora Maria Aparecida Bergamaschi, criada através do recurso colaborativo Xtmeline, "MINHA HISTÓRIA DE VIDA" . Além das vivências e sentimentos aflorados a leitura do texto: Em Busca de uma Ancestralidade Brasileira de Daniel Mundurucu proporciona uma visão da importância da história pessoal de cada indivíduo e o mais interessante relata suas vivências e aprendizagens despojado de qualquer sentimento de preconceito. Afinal o autor é um índio da nação Mundurucu (Pará). E conforme o autor: “... é preciso que as pessoas ouçam suas próprias histórias e as recontem, sempre...” (MUNDURUCU,2002).

Thursday, April 09, 2009

Políticas Públicas Brasileiras em Educação Especial


Com relação às Políticas Públicas Brasileiras em Educação Especial é importante salientar a participação da colega Zinara no Fórum da Interdisciplina: EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: “... precisamos garantir que essas conquistas, previstas na lei, ocorram no dia-a-dia da escola. A efetivação de práticas educacionais inclusivas se dará quando a escola estiver preparada para receber esses alunos. Não basta a presença física do aluno portador de necessidade especial. É necessário incluí-lo, no sentido mais profundo que a palavra sugere”. A fala da colega expressa claramente a realidade da educação atualmente, as políticas públicas existem, mas na prática estes estudantes continuam segregados. Conforme Baptista (2004) é necessário que nós educadores possamos nos despojar de idéias e preconceitos, renunciando assim aos “edifícios” e buscando a construção de “tendas”. “As tendas são mais leves e suas paredes de tecido permitem a passagem da luz e do vento..." (BAPTISTA,2004) Em seu texto o autor relata projetos educacionais realizados nos últimos 30 anos na Itália e que muito se parecem com as diretrizes da escola da rede pública municipal de Porto Alegre. Sou professora da rede pública estadual e na nossa escola pouco podemos oferecer com as verbas e tecnologias de que dispomos. Como explicar esta situação?
“Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular” (Decreto 6571). Em nenhum momento quero ser pessimista, mas como criar tendas no contexto atual? Utilizando a metáfora do autor, somos prisioneiros da nossa própria criação...
Referências

BAPTISTA, Claudio. Inclusão e seus sentidos: entre edifícios e tendas. In: Baptista, Cláudio. Inclusão e escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.

Monday, March 30, 2009

Sala de aula como um espaço de construção


“Porque entre o sim e o não é só um sopro, entre o bom e o mau apenas um pensamento, entre a vida e a morte só um leve sacudir de panos e a poeira do tempo, com todo o tempo que eu perdi, tudo recobre, tudo apaga, tudo torna tão simples e tão indiferente” (Luft, 2008,p.100).

No texto “Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos”, o autor enfatiza a importância do conhecimento construído pelo sujeito aprendiz, a partir das suas vivências
[1] e do conhecimento formal. Na pedagogia relacional para que ocorra aprendizagem o sujeito precisa interagir com o objeto. “A ação do sujeito, portanto, constitui, correlativamente, o objeto e o próprio sujeito. Sujeito e objeto não existem antes da ação do sujeito” (BECKER, 1995).
Nesta semana vivenciamos este processo através de um projeto na nossa escola, no qual todos se envolveram nas atividades, o tema foi a água e sua importância para nossa existência e a continuidade da vida em nosso planeta. Os alunos e alunas de todas as séries da Educação Infantil ao Ensino Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) contribuíram para realização de um evento (sábado 28/03) onde todas as atividades foram realizadas ao mesmo tempo. Alunos, professores e pais, participaram de atividades como: pintura dos muros da escola com desenhos e frases sobre a água, plantio de mudas de flores... Enfim um momento de construção coletiva, com leitura de poesias e apresentações de teatro... Esta experiência possibilitou ao grupo perceber a diferença entre uma aula tradicional e um projeto interdisciplinar. É evidente que a mudança de atitude não é um processo rápido, mas acredito que este seja o caminho.
Conforme Becker (1995), para que ocorra uma mudança de paradigma é necessário que o professor responda a seguinte questão: “que cidadão ele quer que seu aluno seja”? O autor ressalta a importância de “partir da experiência do educando, recuperando o sentido do processo pedagógico, isto é, recuperando e (re)constituindo o próprio sentido do mundo do educando... e do educador”.
Assim, a relação professor e aluno torna-se prazerosa com momentos de troca de experiências e aprendizagens. “Nesta relação, professor e alunos avançam no tempo” (BECKER, 1995). O ambiente da sala de aula transforma-se em “um espaço prazeroso de construção do conhecimento, um espaço de pesquisa, de choro, de risos, de descobertas, de vida... transpondo estruturas estabelecidas e modelos padronizados” (Trecho da atividade do semestre 2/2007).
Referências

BECKER, F. Modelos Pedagógicos & Modelos Epistemológicos. In: SILVA, Luiz Heron: AZEVEDO, José Clóvis (Org.) Paixão de aprender II. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
LUFT, Lya. O silêncio dos amantes. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.
[1] O professor, além de ensinar, precisa aprender o que seu aluno já construiu até o momento - condição prévia das aprendizagens futuras (BECKER, 1995).