Sunday, April 27, 2008

"O pianista"

Na sexta-feira, dia 25 de abril, no turno da noite, um colega da escola apresentou para seus alunos e alunas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) um filme dirigido por Roman Polanski, "O Pianista", adaptado do livro autobiográfico de Wladyslaw Szpilman. Conversamos após o recreio e ele disse que tinha sido muito boa sua aula e que todos acharam o filme excelente. Como eu ainda não havia assistido, meu colega fez questão que trouxesse para casa. Ontem resolvi assistir com meu marido e meu Deus, fiquei perplexa com tanta dor e sofrimento. Já tinha assistido outros filmes como " A vida é bela" em que chorei muito, mas este não faz aflorar este tipo de sentimento, ele evoca a dor...
Ao assistir ao filme pensei no vídeo BALANCE, do módulo 2 de Ciências e de como é interessante a relação entre as manifestações de crueldade nazista com as ações dos habitantes daquele Universo depois que o egoísmo destruiu seu grupo. Os habitantes agiam em cooperação e interação, todos ocupavam o mesmo espaço, sem divisões, quando necessário para o grupo os indivíduos trocavam seus lugares naturalmente. A harmonia e equilíbrio do grupo foram quebradas quando o primeiro indivíduo sentiu a necessidade de TER mais espaço do que os outros e também ficar com a caixa. Esta atitude egoísta, infelizmente tornou-se uma prática atual em nossa sociedade, o sentimento de TER e possuir pessoas e objetos. Esta atitude é contrária ao sentimento de SER, SER uma pessoa melhor, ser amiga, confiável e solidária. Nos habitantes do filme esta atitude desencadeou um conflito que resultou na total destruição daqueles seres.
E o filme "O pianista" nos mostra isso, a eliminação de milhares de pessoas durante a II Guerra Mundial. O filme apresenta três fortes constatações: a opressão sufocante da sucessão de leis anti-semitas, que os judeus da época queriam acreditar, a cada novo decreto, que aquele seria o último. O medo, frente ao nazismo, presença estranha e desumana, que ameaçava pessoas e famílias inteiras. Enfim, o inexplicável dos crimes imprevisíveis e frios, que não deixam margem para esperanças. Polanski consegue fazer esta reconstituição com rara autenticidade. No filme "O Pianista", não se chora, mas um sentimento de revolta e de raiva nos invade.
O ser humano mata por prazer e destrói sem piedade o ambiente em que vive. Estas atitudes demonstram a falta de um sentimento de pertencimento a um grupo, seja ele de seres humanos, animais ou da própria natureza. Muitas pessoas praticam ações isoladas, justificando tal atitude como inevitável e necessária.
Na escola E.E.M.Dr. Genésio Pires temos um projeto com relação a educação ambiental, atualmente trabalhamos todas estas questões com nossos alunos e alunas, eles fazem saídas de campo e observações. Além disso, em nosso desenho curricular de 5ª a 8ª série temos a disciplina de Gestão Ambiental, são 2 períodos por semana e em cada série os estudantes são envolvidos em atividades dentro do pátio da escola, como: horta escolar, jardim, limpeza do pátio, salas de aula e corredores. No ano passado (2007) fizemos o plantio de árvores doadas pela Secretaria do Meio Ambiente de Porto Alegre. Buscamos parcerias com empresas da região para dar continuidade aos nossos projetos. As ações individuais positivas precisam ser valorizadas e nas escolas podemos transformar, através da educação, as distorções que existem com relação a preservação do ambiente e dos seres vivos.

Monday, April 14, 2008

Paulo Freire

O texto a seguir foi escrito a partir da leitura do livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire e alguns trechos do DVD sobre Paulo Freire (Coleção Grandes Educadores – Atta Mídia e Educação), apresentado por Moacir Gadotti e Ângela Antunes:
Paulo Freire nos apresenta uma Teoria do Conhecimento, baseada numa antropologia, foi inventada/construída a partir de uma visão de mundo e de uma visão de ser humano.
Paulo Freire elaborou três momentos para trabalhar sua teoria:
1º) Investigação temática:
Descobrir na criança, no jovem ou adulto aquilo que ele já sabe.
2º) Momento de tematização:
Significado destas palavras e temas geradores. Esta tarefa precisa ser interativa entre educador e educando.
3º) Problematização:
Descobrir o significado daquele conhecimento para minha vida e para vida de todos. Conscientização ou Problematização – esta etapa leva ao engajamento ao compromisso. Conforme Gadotti, ao longo de sua vida Paulo Freire utilizou outros termos em suas obras e com a leitura de toda sua obra o Instituto Paulo Freire apresenta desta forma os três momentos descritos por ele:
1º Leitura de Mundo:
Serve para me aproximar do mundo e retirar deste mundo lido os elementos que servem para minha vida e a vida dos outros. Antes de conhecer eu sou curioso, o interesse precede o conhecimento, esse pensamento é orientado pela curiosidade epistemológica descrita por Habermas (interesse precede o conhecimento). Por que o ser humano aprende? Aprende por curiosidade... o ser humano é um ser curioso. Paulo Freire partia das necessidades populares, a partir daí eu construo o conhecimento.
2º Compartilhar o mundo lido:
Não há conhecimento válido se não for compartilhado com o outro. Exige-se o diálogo. A validade do meu conhecimento é dado socialmente, quando compartilho e construo o conhecimento com os outros.
3º Reconstrução do mundo lido:
Se eu leio o mundo, compartilho o mundo lido então agora juntos vamos reconstruir o mundo.
Para Paulo Freire (1998), a essência do neoliberalismo é fazer com que a gente deixe de sonhar. Freire tinha um compromisso com a ética e uma utopia por um mundo possível. Tinha uma crença de que é possível mudar o mundo.
“Educadores e educandos não podemos, na verdade, escapar à rigorosidade ética” (1998,p.16).
A escola, segundo Freire, ensina para e com a cidadania. Acredita no cidadão pleno e na Escola autônoma.
Nesta palestra Gadotti explica que sempre procurou a melhor definição para Educação, anotou inúmeras durante sua docência, “e a melhor definição é do Paulo”:
“Educar-se é impregnar (encharcar) de sentido cada ato cotidiano”.
Nesta concepção como Freire via o conhecimento:
1º) Nós só aprendemos quando aquilo que aprendemos tem significado para nós. O ser humano aprende ao longo de toda vida, somos seres inacabados e por isso aprendemos sempre. Nessa perspectiva não há tempo próprio para aprender; Como é que o ser humano aprende? O ser humano aprende por sucessivas aproximações do objeto. Ele continua sempre como ser aprendente, por que o objeto está sempre revelando coisas novas.
2º) Aprender não é só acumular conhecimentos, pois as informações envelhecem rapidamente;
3º)O importante neste processo é aprender a pensar e pensar sobre a realidade;
4º) É sempre possível aprender, mas é um sujeito que aprende, não é um coletivo que aprende. Nós aprendemos em contato com o outro. A teoria de Freire é a teoria do respeito ao outro. É importante respeitar a identidade do outro. O conhecimento é dialógico (não é só histórico, epistemológico e lógico). A dialética é revolucionária e questionadora. A contradição se dá quando existe diálogo. Sua teoria é a teoria do diálogo e do respeito ao outro.
O aprendiz é um sujeito e tem que ser respeitado na sua própria identidade. É preciso que o sujeito aprendiz tenha uma identidade.
5º) Só aprendemos quando aquilo que aprendemos faz parte da nossa própria vida, pois educar é impregnar de sentido a nossa vida. O educando precisa descobrir o sentido daquele conhecimento para sua vida.
O educador nesta teoria é o profissional que orienta que constrói sentido, um animador e um organizador da aprendizagem. Para Freire (1998) o aluno precisa ter autonomia intelectual e para isso é necessário que consiga andar com as próprias pernas. O aluno como protagonista. Quem constrói o conhecimento é o educando não é o educador. O educador incentiva coordena, ajuda e testemunha sobre a importância do conhecimento. Possuía uma visão emancipadora do conhecimento.
Gadotti encerra sua palestra dizendo que o sistema educacional é arcaico, burocrático e hierarquizado. Não incita as pessoas para o aprendizado. Em sua opinião “a escola deveria ser uma coisa prazerosa”.
Este texto será utilizado na Reunião Pedagógica dos professores da E.E.E.M. Dr. Genésio Pires para complementar os estudos já iniciados neste mês (abril) com relação ao PPP (Projeto Político Pedagógico) proposto no Plano Individual.

Saturday, April 05, 2008

Ciências


Estou adorando as disciplinas deste semestre, em especial ciências, nosso primeiro encontro foi muito produtivo e divertido. Participei do Grupo Um, não cantamos Planeta Água, mas mesmo assim conversamos e visualizamos nossas produções. Foi muito divertido ver nossos trabalhos projetados no quadro. Nessa primeira atividade desenhamos alguns objetos, seres e sentimentos que vivenciamos ou conhecemos em algum momento de nossas vidas. Percebemos ao analisar essas produções que muitos de nós atribuímos imagens semelhantes para muitos conceitos. No entanto, os desenhos relacionados às palavras: Luz, força, raiva, água, ácido, saudade, micróbio, céu e energia, apresentaram representações diferentes. São palavras que refletem nossos sentimentos e nossas vivências. Estão impregnadas de lembranças... A palavra céu, por exemplo, foi representada através de nuvens, ou lua e estrelas, ou sol e nuvens, ou somente sol, ou somente estrelas. Evidenciam até mesmo nosso “estado de espírito” naquele dia. O ácido e a água apesar de representarem substâncias que existem e que são conhecidas por todos, também evocaram diferentes associações de nossa memória. A água foi representada por cachoeiras, rios e chuva. O ácido por frutas ácidas, ácidos em vidrarias de laboratório... Estas diferentes representações demonstram nossas diferentes percepções sobre determinado conceito, quando este está relacionado à abstração. Com esta atividade lembrei do autor Pedro Demo, autor do livro Educar pela Pesquisa, utilizado inúmeras vezes, inclusive para redigir o Projeto MULTIFEIRA, que acontece todos os anos na escola onde leciono. Este livro faz uma conexão entre pesquisa e educação, argumentando que a educação própria da escola é aquela mediada pela reconstrução do conhecimento. Assim permite ao leitor compreender a importância do saber pensar e do aprender a aprender. Ao ler este livro percebi o quanto é válido e produtivo realizar atividades como esta (que realizamos no Pólo) para compreender e conhecer um pouco da vivência e experiências de nossos alunos e a partir deste conhecimento planejar nossas estratégias para que realmente ocorra aprendizagem em nossas aulas de ciências. Fazer ciências é experimentar, ousar, pesquisar e criar. Nada de conceitos prontos e definitivos. Quando estou com meus alunos (atualmente estou no setor) procuro enfatizar que a ciência está em permanente construção e reconstrução... Ciência é movimento... é VIDA!!!
Até a próxima! Rosária