Monday, June 15, 2009

Aldeia Tekõa Jataíty

À sua maneira, as culturas indígenas expressam os grandes valores universais. Nas solenidades das festas, no refinamento dos vestidos e na pintura corporal, na educação dos filhos, na concepção sagrada do cosmos, elas manifestam a consciência moral, estética, religiosa e social. A diversidade de visões do mundo, do homem e dos modos de organização da vida, os conhecimentos e os valores transmitidos de pais para filhos, a tradição oral e a experiência empírica são a base e a força dos conhecimentos e dos valores. A territorialidade atua como um estado de espírito e os ritos e os mitos, como referência da identidade e da consciência humana e da natureza (Gersen dos Santos Luciano, 2006).

Para realizar a atividade da Interdisciplina: Questões Étnico-Raciais na Educação: Sociologia e História foram utilizados dados coletados, em 2002, na Aldeia Tekõa Jataíty, no Canta Galo, Viamão/RS. Outro fator para o interesse por informações sobre a sociedade dos Mbyá Guarani é a falta de material escrito sobre este grupo, pois durante a pesquisa de campo realizada para coleta de dados percebi que o setor público, como a Casa de Cultura Municipal de Viamão, não dispõe de material para pesquisa. O preconceito implícito no modo como as pessoas falam dos Mbyás-Guarani e dos índios em geral, chamando-os de preguiçosos, traiçoeiros e invasores, demonstra claramente a falta de informação sobre a importância histórica da cultura[1] deste povo. Cultura rica e com inúmeras contribuições quanto a sua organização social e política dentro das aldeias, que certamente se opõem a nossa cultura excludente.
CRIANÇAS E JOVENS MBYÁS
A infância dos Mbyás é marcada por momentos significativos, até os dois anos, a criança vive uma fase muito especial, a família lhe dá todo o cuidado. A comunidade observa a suas atitudes. Tenta, então, interpretar quais os potenciais e os dons que ela tem. Para os Mbyás, a criança já nasce com potenciais do que terá no futuro. Os pais nunca obrigam a ser alguém que não é. Na Aldeia Tekoã Jataíty do Canta Galo, somente aos oito anos de idade a criança recebe a autorização para aprender a língua portuguesa, sendo que até essa idade eles apenas falam em tupi guarani. Assim a cultura guarani é preservada e transmitida entre as gerações, pois até os oito anos as crianças são educadas pelos pais-principalmente pela mulher que exerce um papel fundamental na educação dentro da família, cabendo a eles a transmissão cultural e a preservação da tradição dos antepassados. Por volta dos quinze anos, os jovens e as jovens Mbyás já são considerados aptos para decidirem o caminho que querem seguir. Contudo, eles sempre são lembrados de que precisam observar a educação dada pelos pais e pela comunidade e de que precisam agir dentro dos limites de sua cultura. Só assim serão considerados sábios e serão respeitados.
Referências

LUCIANO, Gersen dos Santos. Os índios no Brasil quem são e quantos são. Texto extraído do Livro O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília, 2006.
Site: http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br/
MORAES, Rosária Lanziotti. Mbyá-Guarani: uma releitura acerca de sua cultura. PUCRS, 2002.


[1] O reconhecimento da cidadania indígena brasileira e, conseqüentemente, a valorização das culturas indígenas possibilitaram uma nova consciência étnica dos povos indígenas do Brasil. Ser índio transformou-se em sinônimo de orgulho identitário. Ser índio passou de uma generalidade social para uma expressão sociocultural importante do país. Ser índio não está mais associado a um estágio de vida, mas à qualidade, à riqueza e à espiritualidade de vida. Ser tratado como sujeito de direito na sociedade é um marco na história indígena brasileira, propulsor de muitas conquistas políticas, culturais, econômicas e sociais (Gersen dos Santos Luciano, 2006).

1 comment:

Zinara said...

Oi Rosária!
Só passei para dar um oi e desejar um bom recomeço!
Bjão