Sunday, November 22, 2009

Reflexão- Síntese!


Mais um semestre está terminando e no turbilhão de atividades, escritas, pesquisas, arquiteturas pedagógicas, escola, família, filhos, amigos... Estamos nós enlouquecidas (os) realizando uma (re) leitura de nossa caminhada no PEAD! A novidade é que vamos analisar o BLOG de um colega de outro Pólo! E esta interação é importante para perceber como os colegas de outos municípios estão pensando e retratando suas aprendizagens... Escolhi o Pólo de Gravataí e lá visitei o BLOG do Paulo Medeiros, um professor apaixonado pela Educação e autor de um BLOG fascinante! Faço um convite aos colegas para visitarem este espaço de escrita criativa e ousada!

Sunday, November 08, 2009

O menino Selvagem



Pois viver deveria ser - até o último pensamento e derradeiro olhar - transformar-se.
Lya Luft

Na Interdisciplina de Libras realizamos uma atividade sobre os registros de Itard com relação as suas tentativas de educar um menino selvagem chamado Victor. Os trabalhos realizados foram registrados em dois relatórios:
O primeiro, Da educação de um homem selvagem ou dos primeiros desenvolvimentos físicos e morais do jovem Selvagem do Aveyron, é dirigido a Societé des Observateurs de l’Homme, em outubro de 1801, após 9 meses de trabalho. Nele Itard descreve a captura e o estado em que se encontrava o menino e “defende a idéia de que, sendo a causa de seu mutismo e hábitos estranhos o isolamento em que vivera desde a mais tenra infância, seria passível de reeducação, desde que submetido a métodos adequados” (BANKS -LEITE E GALVÃO, p.17, 2000). Apresenta também neste relatório os cinco objetivos que pautaram seu programa de ensino, descrevendo as ações e as respostas do menino a cada uma das metas.
O segundo relatório, Relatório feito a Sua Excelência o ministro do interior sobre os novos desenvolvimentos e o estado atual do Selvagem de Aveyron, é apresentado por solicitação do Ministro do interior em setembro de 1806. Nele Itard relata com honestidade os êxitos e fracassos do menino, atribuindo os poucos progressos mais aos seus desacertos como professor do que a falta de capacidade de Victor em aprender, transmite algumas esperanças, apesar do tom de desânimo por seu fracasso. Assim convence o governo a manter o financiamento ao seu estudo.
Estes relatórios serviram para divulgação da experiência e passam a ser apreciados e discutidos pela comunidade científica, especialmente nas áreas da educação especial, psiquiatria, psicanálise e educação de surdos. A partir destes registros François Truffaut dirigi um filme que faz grande sucesso e desperta o interesse do meio acadêmico (L’enfant sauvage, 1969).
Apesar das inúmeras tentativas de Itard, as interações sociais e as manifestações típicas da infância aparentemente não foram consideradas significativamente, pois o isolamento do menino no Instituto Nacional de Surdos-Mudos e a convivência somente com pessoas adultas talvez possam ter contribuído para o fracasso de sua experiência.

Modelos de Letramento e as práticas de alfabetização na escola

Kleiman (2006) destaca que a prática realizada nas escolas é de um modelo de letramento autônomo, onde o processo de aquisição da escrita é “neutro”. Esta neutralidade consiste em não utilizar o contexto social e a vivências dos alunos e alunas para proporcionar uma aprendizagem significativa e que dialogue com as concepções que estas crianças ou adultos já trazem de seus ambientes sociais. Como exemplo deste distanciamento entre saberes da vivência social e saberes do sistema escolar, a autora utiliza os estudos de Carraher, Carraher & Schliemann (1988), que investigaram crianças com grandes habilidades para resolverem problemas matemáticos no seu cotidiano e que enfrentavam dificuldades de aprendizagem na escola.
A proposta de alfabetização e pós alfabetização pelo método GEEMPA foi uma opção da nossa escola entre os métodos disponibilizados pela Secretaria Estadual do RS. A escolha deste método até o momento demonstra ter sido adequada, pois o mesmo contribui para alfabetização voltada para interação alunos (as) e objeto de estudo. Com propostas que evidenciam a preocupação com questões como: autonomia, criatividade e interação. A turma é subdividida em grupos que através da cooperação e colaboração entre seus participantes constrói sua aprendizagem. É interessante observar estas crianças trabalhando, pois ao contrário das demais turmas em que as professoras utilizam o método tradicional, elas e eles realizam as atividades de forma organizada e autônoma. Desta forma as crianças podem contribuir com suas experiências de vida e enriquecer as atividades de sala de aula.


Referências
Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola (KLEIMAN, 2006).

Sunday, November 01, 2009

Temas Geradores

"Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se"
(FIORI. In: FREIRE, 1991, p. 10).

A utilização de temas geradores[1] na prática pedagógica se faz necessário pelo simples fato de proporcionar ao educador uma inserção no universo cultural do educando. Através de uma pesquisa prévia[2] neste universo são extraídas palavras que permitem iniciar um planejamento voltado aos interesses do educando. Estas palavras chamadas de “geradoras” são responsáveis pela formação de outras que fazem parte deste “universo vocabular do alfabetizando”. Esta “leitura de mundo” permite uma reconstrução onde os educandos re-criam criticamente seu mundo. Neste processo não há um professor, mas um mediador que estabelece uma relação dialógica entre educando e seu universo temático (conteúdo). “Através de sua permanente ação transformadora da realidade objetiva, os homens, simultaneamente, criam a história e se fazem seres histórico-sociais” (FREIRE, 1991, p.92). O conhecimento é dialógico (não é só histórico, epistemológico e lógico). A dialética é revolucionária e questionadora. A contradição se dá quando existe diálogo. Sua teoria é a teoria do diálogo e do respeito ao outro.
[1] “Estes temas se chamam geradores porque, qualquer que seja a natureza de sua compreensão, como a ação por eles provocada, contêm em si a possibilidade de desdobrar-se em outros tantos temas que, por sua vez, provocam novas tarefas que devem ser cumpridas” (FREIRE, 1991, p. 93).
[2] Esta investigação consiste em conhecer a realidade e como este homem atua sobre esta realidade, é investigar a sua práxis (FREIRE, 1991).
Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 19ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.